"Se não tivesse senso de humor, há muito tempo teria me suicidado", dizia Mahatma Gandhi. Incrível essa questão do humor, o senso na maioria das vezes pende para o ruim, pois diante de tudo o que vivenciamos dia-a-dia é não é muito fácil manter um sorriso na cara.
A vida parece muito difícil, levando em conta as perdas, os problemas, as dificuldades, mas o conjunto das coisas ruins justifica não se dar o direito de viver? Émille Durkheim é um famoso sociólogo que dentre seus estudos compôs uma obra textual chamada O suicídio, na qual ele avalia a integração do ser humano com a sociedade, de modo que suicidar-se é visto como a última alternativa para desvincunlar-se de um elo que não favorece o indivíduo, soltar-se de uma integração social desorganizada e movida pelo controle do público sobre o privado.
No livro, encontram-se caracterizados alguns tipos de suicídio, definidos pelo próprio autor. Tem-se então o suicídio egoísta, no qual o indivíduo reconhece os laços sociais como insuficientes e interomper sua vida causa pouco impacto ao resto da sociedade; No suicídio do tipo altruísta, ocorre o oposto, o homem está tão ligado à sociedade que sua vida muito pouco lhe pertence, morrer significa causar um bem à comunidade, seja pela pouca importância atribui a si mesmo, ou pela insignificância dirigida ao sistema; Tem também o suicídio por anomia, onde o suicídio se torna um modo de escapar de mudanças sociais e/ou econômicas que não satisfazem o indivíduo, não correspondem com seus objetivos. E, por fim, o suicídio fatalista, que também e visto como uma escapatória, mas desta vez a um tipo de opressão causada pelas regras sociais que envolvem o indivíduo, quando o mesmo não possui nenhuma expectativa de mudança.
Como se pode ver, o suicídio corresponde a um tipo de fuga, seja qual for o motivo. Renova-se então a questão, as dificuldades são suficientes para não se permitir viver? Fugir é mesmo a saída? Voltando a Gandhi com sua afirmação, o senso de humor pode ser o remédio para os males?
Assim como Durkheim estudou o suicídio, variados filósofos estudaram o humor, tido como elemento essencial para a vida humana. Coloca-se ao tratar de humor conceitos como os de ironia, que é uma forma de depreciar ou engrandecer algo utilizando as palavras expressas ao contrário de seu significado;, refletindo numa disssimulação; e de sátira, que se compõe de criticas que retratam de forma divertirda a indignação a uma dada realidade. O humor, por sua vez, é definido pela capacidade de rir, de enxergar a graça, de tornar cómico, sem a necessidade de uma função social, dependendo somente da personalidade de quem o exerce. S. Tomás de Aquino considera o humor um "bem útil".
O humor é um fator vital para a vida do homem, pode ser um vício pelo exagero ou pela ausência. Sabe-se bem que o bom humor é assimilado a um estado de felicidade e satisfação, e a sua carência, retratada pelo mau-humor, pode provocar irritações e afastar o indivíduo do prazer, do contentamento. Apesar de que, rir de tudo pode aparentar um desespero por não saber se posicionar coerentemente com algumas situaçãoes . O ideal é mediar, é ter consiência de que nem tudo se justifica pelo mau. É aceitar que, além dos motivos que nos parecem suficientes para desistir, existem também coisas que merecem um olhar diferenciado, de modo que nos faça ter força para continuar batalhando pela vida.
De fato, vivemos imersos em problemas sociais derivados dos fracos laços entre o público e o privado. Desemprego, desamores, criminalidade, corrupção, discriminação, entre outros, são motivos que causam insatisfação e que poderiam ser usados como justificativas para o desprazer pela vida. Mas porque não enxergarmos de outra forma, colocarmos em prática nosso senso de humor, julgá-lo e aplicá-lo de modo que atenda nossas necessidades ao encarar determinada circunstância? Encarar a vida com humor vai além de rir das situações ou emburrar-se quando as coisas não dão certo, é saber pisar entre o exagero e a escassez, é ir além dos limites de como se enxerga o mundo e acreditar em si próprio. Gandhi não se suicidou, talvez o senso de humor que ele afirma ter ultrapasse a barreira do sorriso e aponte para a esperança em suas ações. Trata-se do modo como nos defrontamos com o mundo e não como ele nos encara.
O humor é um elemento intrisecamente humano e é uma forma de ver o mundo que independe de argumentos lógicos, raciocínios formais ou de qualquer outra função social, não é necessário ser o mais estudioso para ter senso de humor, nem o mais entendido, nem o maioral. Concluo que o senso de humor faz desnecessário o suicídio, por estabelecer uma prioridade do indivíduo sobre as condições sociais do seu sistema, por lhe dar poderes para interpretar e conduzir o modo como se percebe dentro da sociedade, se colocando como referencial e centro do elo que os mantêm integrados. Não é de forma alguma errado afirmar que o humor é o melhor remédio para cuidar dos males. E como canta o grupo Falamansa "Não que a vida esteja assim tão boa, mas um sorriso ajuda a melhorar".
Leiam: O suicídio de [Emille Durkheim
Exercitem seu senso de humor e enxergue o mundo com outros olhos...
Textinho... Nem sei se tá coerente, as idéias foram aparecendo e aparecendo... Rs
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