Todo mundo vê filmes e seriados, desenhos ou afins e costuma fissurar num personagem, a maioria prefere uma vítima indefesa ou o poderoso super-heróis. É muito forte o sentimento de atibuir à ficção nosso desejo íntimo de ter o amor perfeito, de poder salvar o mundo, de ser feliz para sempre, mas eu fico me perguntando se ninguém nunca desejou estar na pele de um vilão.
Claro que já tive vontade de ser a Lois Lane para poder beijar o Clark Kant, mas acredito que se tivesse escolha eu ficaria com o Lex Luthor. Por que? Porque eu adoro os vilões. Nunca pensei como seria se fosse um vilão, nem desejei estar na pele dele, ser julgado pelo mundo inteiro como algo ruim, ai ai… Não vou também defendê-lo e dizer que todo vilão tem um motivo para ser assim, não escrevo aqui para discernir sobre o caráter desses personagens, sim para explicar a minha paixão por eles e o lado proveitoso de ter poderes sem ser super.
O mocinho é lindo, claro, sempre tem que ser, padronizado e perfeito. Só que se tirarmos sua beleza e seus super-poderes, o que vai restar? Talvez a simpatia, um pouco de inteligência, uma pessoa comum, mas ele deixaria de ser visto com tanto desnumbramento, seria só mais um a vagar por aí. Olhe para o vilão, é quase o movimento inverso do descrito, ele geralmente é uma pessoa comum, sem nenhuma beleza especial ou um esteriotipo definido por qualidades, um bom vilão só precisa ser mau.
Acontece que melhor do que enxergar só o que os olhos vêem é poder se surpreender com as imagens que sua mente processa… Quando estou vendo estórias de super-heróis contra “as forças do mal”, fico muito ansiosa para conhecer a figura de quem está pra trás de tanta maldade. Não estou esperando olhos azuis e a conversa bunitinha do “tudo vai ficar bem”, eu quero tudo aquilo que não parece ser intencional na figura do vilão: a atitude forte, a postura (a psicologia explica a construção do caráter do vilão, mas isso fica pra uma próxima).
Já que exemplifiquei acima, vou tomar como exemplo o Lex Luthor. Qual super-poder ele tem? Aparentemente nenhum, mas se penetrarmos a fundo sua personalidade, ele é uma pessoa que aprendeu a manipular tudo ao seu redor para alcançar seus objetivos, além de inteligente é percepctivo e criativo, esperto e malicioso. Diferente do mocinho que é ingênuo, que se fosse solto pelo mundo sem sua força extraordinária e sua visão de laser ia ficar perdido, a mercê das consequências. Vilões me encantam porque inteligência e sagacidade me encantam.
Cadê a beleza exterior? Precisa? Um homem com postura iponente, atitude determinada e que não fica fazendo pose de coitado, no meu ponto de vista oferece mais segurança que qualquer outro. E não adianta dizer que “não se pode confiar num vilão”, todo mundo corre o risco de tar um desvio de personalidade da noite pro dia, coisas inexplicáveis, mas que pode tornar seu mocinho no seu maior inimigo (enxergue com os olhos da realidade). Eles são lindos porque são sarcásticos, irônicos, e tem todo o mérito por ser o que são, sem precisar de algo maior que sua capacidade de pensar e interpretar o mundo.
Tá bem, o Lex Luthor tem dinheiro, e daí? Aposto que se não tivesse nascido em “berço-de-ouro” teria o mesmo poder, por causa da ambição, que todo mundo julga ser desmedida, mas não é… A mesma proporção da intenção de salvar o mundo, remete ao vilão o desejo de dominá-lo. Lados opostos, quantidades iguais.
Tirando toda a maldade, deveríamos tomar como exemplo o modo como eles encaram e vencem as adversidades. Vivemos lamentando tudo de ruim que acontece, mas cruzamos os braços esperando que apareça um super-herói cheio de poderes e bondade pra nos salvar. A verdade é que se tivéssemos atitudes vilãs na hora de encarar os obstáculos, um pouco de ambição para brigarmos por melhorias, ironia, tato, orgulho, entre outros, ao invés de ficar fazendo papel de vítima, estaríamos agindo mais, insastifeitos com a qualidade do pouco que temos, teríamos mais, teríamos muito, teríamos o melhor.
Infelizmente em nossa realidade não vai cair um Kar-El do céu, enviado de outro planeta para nos salvar, temos que aceitar que pensamos, que podemos manipular tudo ao nosso favor, mas eu falo “favor”. Não me enxergo aqui como indivíduo, mas é como li em algum lugar: “A idéia pode surgir por meio da cooperação, mas a ação é individual” (meu Deus, eu li mesmo isso?). Vamos nos impor como o Lex Luthor, cada um despertando o seu lado vilão, mas que seja bom…
Vilões são extraordinários! Principalmente se os enxergar pelo lado bom… Creio que a figura deles seja a mais humana, talvez porque eu não me identifique nem com a mocinha. Os Vilões amam, odeiam, se mostram, se escondem, perseguem e são perseguidos. Têm medos, angústias, limitações, mas também tem iniciativa e coragem. Tão complexos quanto somos verdadeiramente, sem superpoderes, a diferença é que nos limitamos somente aquilo que nos permitimos ser, para para sermos iguais. Sorte qua ainda sonhamos, principalmente diante da ficção, pena que nem sempre conhecemos a distância entre o sonho e a realidade.
Vilões são extraordinários, repito e finalizo!