9 de março de 2010

Vilões...


Todo mundo vê filmes e seriados, desenhos ou afins e costuma fissurar num personagem, a maioria prefere uma vítima indefesa ou o poderoso super-heróis. É muito forte o sentimento de atibuir à ficção nosso desejo íntimo de ter o amor perfeito, de poder salvar o mundo, de ser feliz para sempre, mas eu fico me perguntando se ninguém nunca desejou estar na pele de um vilão.

Claro que já tive vontade de ser a Lois Lane para poder beijar o Clark Kant, mas acredito que se tivesse escolha eu ficaria com o Lex Luthor. Por que? Porque eu adoro os vilões. Nunca pensei como seria se fosse um vilão, nem desejei estar na pele dele, ser julgado pelo mundo inteiro como algo ruim, ai ai… Não vou também defendê-lo e dizer que todo vilão tem um motivo para ser assim, não escrevo aqui para discernir sobre o caráter desses personagens, sim para explicar a minha paixão por eles e o lado proveitoso de ter poderes sem ser super.

O mocinho é lindo, claro, sempre tem que ser, padronizado e perfeito. Só que se tirarmos sua beleza e  seus super-poderes, o que vai restar? Talvez a simpatia, um pouco de inteligência, uma pessoa comum, mas ele deixaria de ser visto com tanto desnumbramento, seria só mais um a vagar por aí. Olhe para o vilão, é quase o movimento inverso do descrito, ele geralmente é uma pessoa comum, sem nenhuma beleza especial ou um esteriotipo definido por qualidades, um bom vilão só precisa ser mau.

Acontece que melhor do que enxergar só o que os olhos vêem é poder se surpreender com as imagens que sua mente processa… Quando estou vendo estórias de super-heróis contra “as forças do mal”, fico muito ansiosa para conhecer a figura de quem está pra trás de tanta maldade. Não estou esperando olhos azuis e a conversa bunitinha do “tudo vai ficar bem”, eu quero tudo aquilo que não parece ser intencional na figura do vilão: a atitude forte, a postura (a psicologia explica a construção do caráter do vilão, mas isso fica pra uma próxima).

Já que exemplifiquei acima, vou tomar como exemplo o Lex Luthor. Qual super-poder ele tem? Aparentemente nenhum, mas se penetrarmos a fundo sua personalidade, ele é uma pessoa que aprendeu a manipular tudo ao seu redor para alcançar seus objetivos, além de inteligente é percepctivo e criativo, esperto e malicioso. Diferente do mocinho que é ingênuo, que se fosse solto pelo mundo sem sua força extraordinária e sua visão de laser ia ficar perdido, a mercê das consequências. Vilões me encantam porque inteligência e sagacidade me encantam.

Cadê a beleza exterior? Precisa? Um homem com postura iponente, atitude determinada e que não fica fazendo pose de coitado, no meu ponto de vista oferece mais segurança que qualquer outro. E não adianta dizer que “não se pode confiar num vilão”, todo mundo corre o risco de tar um desvio de personalidade da noite pro dia, coisas inexplicáveis, mas que pode tornar seu mocinho no seu maior inimigo (enxergue com os olhos da realidade). Eles são lindos porque são sarcásticos, irônicos, e tem todo o mérito por ser o que são, sem precisar de algo maior que sua capacidade de pensar e interpretar o mundo.

Tá bem, o Lex Luthor tem dinheiro, e daí? Aposto que se não tivesse nascido em “berço-de-ouro” teria o mesmo poder, por causa da ambição, que todo mundo julga ser desmedida, mas não é… A mesma proporção da intenção de salvar o mundo, remete ao vilão o desejo de dominá-lo. Lados opostos, quantidades iguais.

Tirando toda a maldade, deveríamos tomar como exemplo o modo como eles encaram e vencem as adversidades. Vivemos lamentando tudo de ruim que acontece, mas cruzamos os braços esperando que apareça um super-herói cheio de poderes e bondade pra nos salvar. A verdade é que se tivéssemos atitudes vilãs na hora de encarar os obstáculos, um pouco de ambição para brigarmos por melhorias, ironia, tato, orgulho, entre outros, ao invés de ficar fazendo papel de vítima, estaríamos agindo mais, insastifeitos com a qualidade do pouco que temos, teríamos mais, teríamos muito, teríamos o melhor.

Infelizmente em nossa realidade não vai cair um Kar-El do céu, enviado de outro planeta para nos salvar, temos que aceitar que pensamos, que podemos manipular tudo ao nosso favor, mas eu falo “favor”. Não me enxergo aqui como indivíduo, mas é como li em algum lugar: “A idéia pode surgir por meio da cooperação, mas a ação é individual” (meu Deus, eu li mesmo isso?). Vamos nos impor como o Lex Luthor, cada um despertando o seu lado vilão, mas que seja bom…

Vilões são extraordinários! Principalmente se os enxergar pelo lado bom… Creio que a figura deles seja a mais humana, talvez porque eu não me identifique nem com a mocinha. Os Vilões amam, odeiam, se mostram, se escondem, perseguem e são perseguidos. Têm medos, angústias, limitações, mas também tem iniciativa e coragem. Tão complexos quanto somos verdadeiramente, sem superpoderes, a diferença é que nos limitamos somente aquilo que nos permitimos ser, para para sermos iguais. Sorte qua ainda sonhamos, principalmente diante da ficção, pena que nem sempre conhecemos a distância entre o sonho e a realidade.


Vilões são extraordinários, repito e finalizo!

22 de outubro de 2009

MEC - Leia Mais




Para a Faculdade
Disciplina: Artes Visuais
Texto: Samara Batista
Arte: Salvador Dali (tiro onda mesmo)

15 de novembro de 2008

Humor x Suicídio

"Se não tivesse senso de humor, há muito tempo teria me suicidado", dizia Mahatma Gandhi. Incrível essa questão do humor, o senso na maioria das vezes pende para o ruim, pois diante de tudo o que vivenciamos dia-a-dia é não é muito fácil manter um sorriso na cara.
A vida parece muito difícil, levando em conta as perdas, os problemas, as dificuldades, mas o conjunto das coisas ruins justifica não se dar o direito de viver? Émille Durkheim é um famoso sociólogo que dentre seus estudos compôs uma obra textual chamada O suicídio, na qual ele avalia a integração do ser humano com a sociedade, de modo que suicidar-se é visto como a última alternativa para desvincunlar-se de um elo que não favorece o indivíduo, soltar-se de uma integração social desorganizada e movida pelo controle do público sobre o privado.
No livro, encontram-se caracterizados alguns tipos de suicídio, definidos pelo próprio autor. Tem-se então o suicídio egoísta, no qual o indivíduo reconhece os laços sociais como insuficientes e interomper sua vida causa pouco impacto ao resto da sociedade; No suicídio do tipo altruísta, ocorre o oposto, o homem está tão ligado à sociedade que sua vida muito pouco lhe pertence, morrer significa causar um bem à comunidade, seja pela pouca importância atribui a si mesmo, ou pela insignificância dirigida ao sistema; Tem também o suicídio por anomia, onde o suicídio se torna um modo de escapar de mudanças sociais e/ou econômicas que não satisfazem o indivíduo, não correspondem com seus objetivos. E, por fim, o suicídio fatalista, que também e visto como uma escapatória, mas desta vez a um tipo de opressão causada pelas regras sociais que envolvem o indivíduo, quando o mesmo não possui nenhuma expectativa de mudança.
Como se pode ver, o suicídio corresponde a um tipo de fuga, seja qual for o motivo. Renova-se então a questão, as dificuldades são suficientes para não se permitir viver? Fugir é mesmo a saída? Voltando a Gandhi com sua afirmação, o senso de humor pode ser o remédio para os males?
Assim como Durkheim estudou o suicídio, variados filósofos estudaram o humor, tido como elemento essencial para a vida humana. Coloca-se ao tratar de humor conceitos como os de ironia, que é uma forma de depreciar ou engrandecer algo utilizando as palavras expressas ao contrário de seu significado;, refletindo numa disssimulação; e de sátira, que se compõe de criticas que retratam de forma divertirda a indignação a uma dada realidade. O humor, por sua vez, é definido pela capacidade de rir, de enxergar a graça, de tornar cómico, sem a necessidade de uma função social, dependendo somente da personalidade de quem o exerce. S. Tomás de Aquino considera o humor um "bem útil".
O humor é um fator vital para a vida do homem, pode ser um vício pelo exagero ou pela ausência. Sabe-se bem que o bom humor é assimilado a um estado de felicidade e satisfação, e a sua carência, retratada pelo mau-humor, pode provocar irritações e afastar o indivíduo do prazer, do contentamento. Apesar de que, rir de tudo pode aparentar um desespero por não saber se posicionar coerentemente com algumas situaçãoes . O ideal é mediar, é ter consiência de que nem tudo se justifica pelo mau. É aceitar que, além dos motivos que nos parecem suficientes para desistir, existem também coisas que merecem um olhar diferenciado, de modo que nos faça ter força para continuar batalhando pela vida.
De fato, vivemos imersos em problemas sociais derivados dos fracos laços entre o público e o privado. Desemprego, desamores, criminalidade, corrupção, discriminação, entre outros, são motivos que causam insatisfação e que poderiam ser usados como justificativas para o desprazer pela vida. Mas porque não enxergarmos de outra forma, colocarmos em prática nosso senso de humor, julgá-lo e aplicá-lo de modo que atenda nossas necessidades ao encarar determinada circunstância? Encarar a vida com humor vai além de rir das situações ou emburrar-se quando as coisas não dão certo, é saber pisar entre o exagero e a escassez, é ir além dos limites de como se enxerga o mundo e acreditar em si próprio. Gandhi não se suicidou, talvez o senso de humor que ele afirma ter ultrapasse a barreira do sorriso e aponte para a esperança em suas ações. Trata-se do modo como nos defrontamos com o mundo e não como ele nos encara.
O humor é um elemento intrisecamente humano e é uma forma de ver o mundo que independe de argumentos lógicos, raciocínios formais ou de qualquer outra função social, não é necessário ser o mais estudioso para ter senso de humor, nem o mais entendido, nem o maioral. Concluo que o senso de humor faz desnecessário o suicídio, por estabelecer uma prioridade do indivíduo sobre as condições sociais do seu sistema, por lhe dar poderes para interpretar e conduzir o modo como se percebe dentro da sociedade, se colocando como referencial e centro do elo que os mantêm integrados. Não é de forma alguma errado afirmar que o humor é o melhor remédio para cuidar dos males. E como canta o grupo Falamansa "Não que a vida esteja assim tão boa, mas um sorriso ajuda a melhorar".
Leiam: O suicídio de [Emille Durkheim
Exercitem seu senso de humor e enxergue o mundo com outros olhos...
Textinho... Nem sei se tá coerente, as idéias foram aparecendo e aparecendo... Rs

3 de novembro de 2008

Pena

Uma forte característica da sociedade atual é o consumo massivo de bens e serviços e a dominação cultural, consequência do crescimento desenfreado dos modos de produção capitalistas. Tudo começou com a necessidade de se eliminar os produtos excedentes da atividade industrial, que incentivou a criação de um mercado consumidor.
Com a finalidade de manter-se no poder, a classe burguesa iniciou um processo de massificação do homem através dos meios de comunicação. A massa era conduzida a agir de acordo com a ideologia de uma minoria dominante e o acesso à cultura foi limitado àquilo que se fazia necessário para manter o indivíduo dependente dela. Reduzir a capacidade de o homem questionar o modo como vivia era essencial para mantê-lo satisfeito com sua condição social.
O centro das ações era o capital, a cultura e as relações sociais se davam a partir dos princípios mercantis. Ocorre então um processo que podemos chamar de Capitalismo Cultural, valores e costumes ensseciais para manter o bom funcionamento da sociedade são comuns a todos, mas se o indivíduo não está satisfeito com as limitações, precisa ter capital para comprar cultura.
Quando falamos de cultura ultrapassamos a barreira do cinema, da musica, do teatro, da literatura, entramos num âmbito que abrange o sentido da vida do ser humano: o pensamento, a liberdade de expressão e os próprios sentimentos.
"Falta assunto, falta acesso"... O que é ofertado é muito pouco, nossa vida é manipulada como se fossemos fantoches da classe dominante. O acesso restrito ao conhecimento não nos proporciona fundamentos suficientes para discernir entre o que realmente é ou não necessário para conduzirmos nossas vidas. Vivemos um conflito de necessidades, entre as básicas e as criadas pela mídia e pelos hábitos de consumo. Falta identificar o que realmente é desejo e até que ponto atendê-lo vai satisfazer, a confusão invade os sentimentos, os relacionamentos, a cosciência individual e a insconsciência também.
Notamos hoje que o mercado cultural virou um leilão, as manifestações que tem maior possibilidade de se reverte em capital ganham evidência. "Talento provado em papel moeda, poesia metamorfoseada em cifrão". Não importa a mensagem, a qualidade, sim o ibope... Se o povo aprova, vende e ,se vende, os 'donos de engenho' apoiam. Retorno é lucro, aceitação é lucro, talento é dispensável. E temos "Música rara em liquidação". Do mesmo modo que o homem muitas vezes se submete a péssimas condições de trabalho em troca do seu ganha pão, o artista vende seu trabalho por qualquer preço, em sua maioria , por um valor que não condiz com a qualidade do seu trabalho, isso quando há qualidade.
"Atalhos, retalhos, sobras" é o que resta à massa, que se conforma, já que sua capacidade crítica foi reduzida a quase nada. Bom, bom não está, mas tá bom! Mas "Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior", e isso me faz buscar além do que chega em minhas mãos.







As expressões em destaque são trechos da canção "Pena", da Cia Circense O Teatro Mágico.
• Esse texto é a síntese de um trabalho produzido como atividade acadêmica, mas não foi entregue. Pena...

30 de outubro de 2008

Amigo fura olho...

"Perdi um amigo pro fantasma da tentação".
É isso que acontece com um dos personagens da música "Amigo fura olho", carro-chefe do álbum Junto e Misturado do cantor Latino. Como assim 'quem é Latino'? ♪ Oh, baby me leva... me leva e leva e leva e não levou.
O fura olho é um personagem típico da atualidade, é aquele que está sempre ali, participando de tudo do namoro alheio, inclusive dos cuidados com a namorada do amigo. Segundo a definição do diconário informal, é todo "indivíduo que tem como prazer e realização pessoal, cobiçar, cantar, conversar, e quem sabe até pegar, beijar e comer a mulher do próximo, mesmo quando o próximo ainda está próximo".
"Amigo, perdão faça o que quiser,
Mas eu te confesso, eu peguei tua mulher...
"
Certo que nem todo mundo tem um amigo desse, pelo menos fica mais fácil acreditar nisso. Mas depois desta música, quem quer ser amigo mais? Seja meu inimigo...
Já dizia Schopenhauer, o grande filósofo, "não diga nada a um amigo do que não possa confiar a um inimigo". Foi esse o erro do coitado, a safada deu mole, ele deu um ganho, mas se tivesse ficado caladinho, continuava com a amizade e com a mulher... (ha ha ha... Que coisa feia, Kenia! Como você é maldosa!) Sinceramente, fica difícil analisar a situação pela vertente do que é errado, todo mundo tem culpa, do namorado/amigo otário até a namorada.
O bom é saber que tem muito de cultura na canção, assimilar a mensagem à filosofia de Schopenhauer demonstra a utilidade do que está por trás da melodia e letra brega. Existe todo uma expressão de aspectos culturais vivenciados pelo homem nas relações sociais, é um retrato da realidade que não está limitada as classes menos favorecidas. "Homem que é homem tem um amigo fura olho!" (Sorte que eu sou mulher)
Sábio mesmo era o filósofo, que fugia do convívio social, tinha repulsa por mulher, filhos, acasalamento, e seu grande companheiro de vida foi um cão, que pelo menos era evidente se tratar de um cachorro. Suas atitudes se explicam pelo acúmulo de experiências ruins no decorrer da vida, ele apanhou e aprendeu. Um pessimismo característco de quem não vivênciou bons momentos. A situação descrita na música não deve causar menos que o sentimento de decepção vivido por Schopenhauer, mas vai o amigo perdoar o fura olho, dando uma de gostoso e forte, para ver o que acontece! Quem não aprende apanhando, nunca vai bater!


Agora resta o conselho: compre um cão ou dê caviar aos seus inimigos...




Esse texto foi produzido com a partir de uma conversa que tive com minha irmã Elen (Linda, maravilhosa e inteligentíssima, minha futura Psicóloga)... Mentes Brilhantes das filhas de minha mãe!
Dá uma olhadinha: http://www.dicionarioinformal.com.br/
E Leia: A Cura de Schopenhauer, de Irvin D. Yallon
Se quiser ouça Latino também!