Uma forte característica da sociedade atual é o consumo massivo de bens e serviços e a dominação cultural, consequência do crescimento desenfreado dos modos de produção capitalistas. Tudo começou com a necessidade de se eliminar os produtos excedentes da atividade industrial, que incentivou a criação de um mercado consumidor.
Com a finalidade de manter-se no poder, a classe burguesa iniciou um processo de massificação do homem através dos meios de comunicação. A massa era conduzida a agir de acordo com a ideologia de uma minoria dominante e o acesso à cultura foi limitado àquilo que se fazia necessário para manter o indivíduo dependente dela. Reduzir a capacidade de o homem questionar o modo como vivia era essencial para mantê-lo satisfeito com sua condição social.
O centro das ações era o capital, a cultura e as relações sociais se davam a partir dos princípios mercantis. Ocorre então um processo que podemos chamar de Capitalismo Cultural, valores e costumes ensseciais para manter o bom funcionamento da sociedade são comuns a todos, mas se o indivíduo não está satisfeito com as limitações, precisa ter capital para comprar cultura.
Quando falamos de cultura ultrapassamos a barreira do cinema, da musica, do teatro, da literatura, entramos num âmbito que abrange o sentido da vida do ser humano: o pensamento, a liberdade de expressão e os próprios sentimentos.
"Falta assunto, falta acesso"... O que é ofertado é muito pouco, nossa vida é manipulada como se fossemos fantoches da classe dominante. O acesso restrito ao conhecimento não nos proporciona fundamentos suficientes para discernir entre o que realmente é ou não necessário para conduzirmos nossas vidas. Vivemos um conflito de necessidades, entre as básicas e as criadas pela mídia e pelos hábitos de consumo. Falta identificar o que realmente é desejo e até que ponto atendê-lo vai satisfazer, a confusão invade os sentimentos, os relacionamentos, a cosciência individual e a insconsciência também.
Notamos hoje que o mercado cultural virou um leilão, as manifestações que tem maior possibilidade de se reverte em capital ganham evidência. "Talento provado em papel moeda, poesia metamorfoseada em cifrão". Não importa a mensagem, a qualidade, sim o ibope... Se o povo aprova, vende e ,se vende, os 'donos de engenho' apoiam. Retorno é lucro, aceitação é lucro, talento é dispensável. E temos "Música rara em liquidação". Do mesmo modo que o homem muitas vezes se submete a péssimas condições de trabalho em troca do seu ganha pão, o artista vende seu trabalho por qualquer preço, em sua maioria , por um valor que não condiz com a qualidade do seu trabalho, isso quando há qualidade.
"Atalhos, retalhos, sobras" é o que resta à massa, que se conforma, já que sua capacidade crítica foi reduzida a quase nada. Bom, bom não está, mas tá bom! Mas "Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior", e isso me faz buscar além do que chega em minhas mãos.
• As expressões em destaque são trechos da canção "Pena", da Cia Circense O Teatro Mágico.
• Esse texto é a síntese de um trabalho produzido como atividade acadêmica, mas não foi entregue. Pena...
Nenhum comentário:
Postar um comentário